terça-feira, 8 de abril de 2008

A Mulher Negra no Cinema e na Sociedade

É possível um cinema negro?


Na aventura criativa em busca de um cinema negro o cineasta experimenta linguagens que tornam evidentes a contribuição do negro para a concepção de uma estética cinematográfica. O longa-metragem Filhas do Vento, do cineasta Joel Zito Araújo é uma expressão categórica de uma perspectiva de cinema negro para além da proposta de estética cinematográfica. A obra trata de questões de gênero, de classe, de identidade cultural, de família, entre outras.


Filhas do Vento é um filme brasileiro de 2005, do gênero drama, dirigido por Joel Zito Araújo. Uma lírica história de redenção amorosa entre irmãs, mães e filhas, em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, onde os fantasmas da escravidão e do racismo acentuam os dramas de forma sutil e poderosa. Foi o primeiro longa-metragem de ficção do diretor, que anteriormente realizava documentários como A Negação do Brasil. A produção do filme foi de Márcio Curi, a música de Marcus Viana, a direção de fotografia de Jacob Sarmento Solitrenick, a direção de arte de Andréa Velloso e a edição de Isabela Monteiro de Castro.


Poucas são as oportunidades de sermos contemplados com uma obra cinematográfica como Filhas do Vento, do cineasta Joel Zito Araújo. Não há o mínimo interesse de investimento no cinema brasileiro que valorize o contexto multicultural, assim como, a contribuição e a predominância da população descendente de grupos étnicos africanos para aqui trazidos e escravizados.


A imagem da mulher negra no cinema e na sociedade é o cerne do debate. Estereótipos como figurante de filme de Spike Lee, empregada doméstica, lavadeira, mãe de leite, mãe de criação, a tia Anastácia de Monteiro Lobato, a favelada Bebel, personagem da novela Paraiso Tropical da Rede Globo de Televisão, são alguns dos exemplos dentre outros inúmeros casos de inferiorização da mulher negra a partir da visão do detentor dos meios de comunicação que geralmente são descendentes de imigrantes ou colonizadores europeus. No caso da equivocada associação mulher – negra - pobre estigmatizada em preconceitos racistas é criticada em Filhas do Vento nas cenas que se seguem de inúmeros contrapontos ideológicos.


O que se segue, portanto, é a sinopse do filme. Cida (Ruth de Souza) e a irmã Jú (Léa Garcia) estão separadas por quase 45 anos. O tempo não conseguiu dissipar o rancor provocado pelo incidente amoroso e familiar que marcou a juventude e a vida das duas. Com a morte do pai, Zé das Bicicletas (Milton Gonçalves), que havia expulsado Cida de casa, as duas voltam a se encontrar. Cida tornou-se uma mulher solitária. Fez carreira de atriz atuando em cinema e em telenovela, mas, apesar do talento, não teve o reconhecimento merecido. Maria D’Ajuda nunca saiu do interior, cuidou do pai até a morte. Parece ter nascido para amar e cuidar dos outros, mas nunca conseguiu desenvolver nenhuma identidade profissional – o inverso da irmã atriz. Casou-se uma vez e depois teve vários filhos de companheiros diferentes. Sua família é uma típica família brasileira do interior, cheia de filhos, sobrinhos, netos e agregados. No entanto, uma de suas filhas, Dorinha (Danielle Ornellas), a que mais admira pela persistência profissional e talento artístico, é a única que despreza o amor da mãe.


Filhas do Vento aborda temas pertinentes às mulheres de qualquer parte do mundo, mas numa pequena cidade do interior do Brasil os fantasmas da escravidão e do racismo afetam a vida das personagens de forma sutil. Em uma brilhante peça ficcional de cunho político e social, o diretor substitui os tradicionais papéis estereotipados, comumente interpretados por atores negros nas telenovelas brasileiras, por uma rica e multifacetada construção de personagens, mesmo quando habilmente emprega diversos recursos da dramaturgia da novela com uma estética cinematográfica baseada nos padrões dominantes do mercado hollywoodiano para se comunicar com grandes audiências.


Informações Técnicas


Tìtulo: > Filhas do Vento

País de Origem: > Brasil

Gênero: > Drama

Classificação Etária: > 14 anos

Tempo de duração: > 85 minutos

Ano de lançamento: > 2005

Estréia no Brasil: > 16 / 09 / 2005

Estúdio/Distrib.: > Rio Filmes

Direção: > Joel Zito Araújo


Elenco


Taís Araújo

Jonas Bloch

Zózimo Bubul

Maria Ceiça

Thalma de Freitas

Ruth de Souza

Monica de Freitas

Léa Garcia

Milton Gonçalves

Kadu Karneiro

Danielle Ornelas

Rocco Pitanga


Texto escrito por Angel Callero

Diretor Artístico - CINEMAFRO

O CINEMA NEGRO EM DISCUSSÃO

O CINEMAFRO é voltado para ações afirmativas em favor das populações afro-descendentes. Este espaço virtual é instaurado com objetivo de fomentar o debate público acerca do cinema negro.

Então, vamos discutir!!!!

aguarde nova programação

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